sexta-feira, 25 de março de 2011

CFTV digital Câmeras analógicas, Câmeras IP e DVR Uma visão sobre os mitos da tecnologia

A evolução da tecnologia, muitas vezes, ocorre aos saltos e estes saltos causam ondas,
as ondas podem causar bolhas, as bolhas podem explodir e, independentemente do
Bycon Indústria e Comércio de Eletro Eletrônicos S.A.
consumidores de tecnologia.
As “Ondas” são causadas pelos fabricantes e aficionados pela  nova tecnologia, que,
sustentados por uma tendência inequívoca,  procuram dirigir a opinião pública
conforme os seus interesses e constante  busca de market share. Normalmente os que
alimentam as ondas procuram mostrar somente um lado, aquele que fortalece e
defende as suas idéias e interesses. 
As “Bolhas” ocorrem em conseqüência de uma grande onda, envolvendo e alimentando
a opinião do público em geral que, muitas vezes, deixa de enxergar o lógico e sensato,
entrando na onda e se deixando levar em suas decisões, envolvidas pelas tendências
do momento.
Os propagadores das ondas, geralmente acabam criando mitos no mercado e neste
artigo pretendemos discuti-los como forma de ajuda na compreensão dos estágios de
evolução da tecnologia.
Mito 1 - O fim do mainframe:
Houve um tempo em que todos os sistemas de médias e grandes empresas como
Folha de pagamento, Contabilidade, Estoques, PCP, Faturamento e outros eram
processados em um único computador. Fora deste centro, que era chamado de CPD,
Centro de Processamento de Dados, só existiam calculadoras manuais e máquinas de
escrever que davam suporte aos funcionários da empresa. Toda a entrada de dados
era feita por cartões perfurados e a análise dos resultados era efetuada em relatórios
emitidos pelo mainframe. Utilizava-se o formulário contínuo para estes relatórios. Muito
tempo depois surgiram os terminais burros, que uma vez conectados ao mainframe,
permitiram que se suprimisse os cartões perfurados  e até mesmo os relatórios em
papel pois com eles tornou-se possível comandar e alimentar com dados o mainframe
através de um teclado.
Criado há 45 anos pela IBM, o mainframe reinou por muitas décadas como a estrela
principal na maioria das empresas em todo o mundo. Já nos anos 70/ 80 teve início a
era da microinformática e pouco a pouco os microcomputadores começaram a ganhar
espaço no cenário corporativo. Quando surgiram as redes interligando diversos
microcomputadores e distribuindo o processamento de grandes sistemas, muitos
decretaram  o fim do Mainframe. Iniciou-se a grande era do “Downsizing” no início dos
anos 80 onde sistemas inteiros deixavam de rodar em mainframes e desciam para
plataformas distribuídas, fortalecendo ainda mais a crença de que um dia tudo seria
feito em redes. Os mainframes passaram a ser tratados como símbolo de atraso, da
falta de flexibilidade e de alto custo. Eram chamados de dinossauros. 
Porém  ele resistiu, se reinventou e hoje volta a ter o seu espaço em um mercado
crescente e cheio de oportunidades. A IBM diz que o mercado de mainframe tem crescido de forma consistente. Em 2008, a receita da IBM com mainframe saltou 11%
na área de equipamentos. Atualmente, a carteira da companhia tem aproximadamente
8,7 mil clientes dos equipamentos system Z, a geração mais recente de seus
equipamentos. Hoje, em uma máquina do tamanho de uma geladeira duplex, é
possível fazer o trabalho que nada menos que 1,2 mil servidores, com enorme redução
de espaço físico, facilidade para gerenciar recursos, gestão centralizada  da segurança
de dados e uma drástica redução no consumo de energia, diz Karl Freund, vice
presidente mundial de estratégia para mainframe.
Pelos movimentos da indústria de tecnologia, há sinais de que os mainframes estão, de
fato, muito longe do fim. Em 2001, os gastos com atualização e manutenção desses
equipamentos consumiram US$ 130 bilhões, segundo a consultoria IDC. Até o ano que
vem, a expectativa é que a demanda por estes serviços atinja US$ 250 bilhões.
Fonte: Jornal Valor Econônimo de 8-abril-2009 – caderno Tecnologia&Comunicações
Mito 2 – O fim do COBOL
 A linguagem de programação mais utilizada na montagem de sistemas de informação
em mainframes era o COBOL. Tão consagrado como o mainframe, esta linguagem teve
o seu momento de glória e por décadas era considerada ferramenta indispensável para
a confecção de qualquer sistema corporativo. Com a chegada dos microcomputadores
e novas linguagens de programação adequadas aos novos recursos da tecnologia, esta
também teve os seus  momentos de morte declarada. Porém, isto também não
aconteceu, e há demanda não atendida no território  brasileiro sendo que existem
empresas brasileiras indo buscar programadores COBOL na Índia por falta de
profissionais com experiência no Brasil.
Mito 3 -  O fim do cheque e o fim do dinheiro em papel
Se considerarmos toda a tecnologia disponível e em  uso atualmente como cartão
eletrônico e o internet banking, e as mais otimistas previsões de evolução das mesmas,
seria fácil prever o fim do dinheiro em papel e do cheque, e certamente foi previsto
diversas vezes por muitos aficionados pela tecnologia. Porém, o que a tecnologia não
previu foi que a percepção da praticidade do papel pelo consumidor jamais dará lugar
a um meio totalmente digitalizado.
Segundo José Maria Fuster van Bendegem, Diretor de Tecnologia do Banco Santander
e ex-conselheiro da IBM, em entrevista publicada na revista EXAME de 15/7/2009, os
cheques não desaparecem porque são convenientes para os clientes e que não adianta
criar tecnologia futurista que ninguém consegue usar.
Mito 4 – O fim do papel nos escritórios
Com a popularização dos meios digitais, editores de texto, redes e internet muito se
falaram sobre o fim do uso de papel nos escritórios. Basta passear por meia dúzia de
escritórios e vai se perceber que a previsão não aconteceu, muito pelo contrário, cada
vez mais aumenta o consumo. Mito 5 – O fim do Fax
Da mesma forma que se previa o fim do papel, também se previa o fim do fax de
forma taxativa e certa. Porém, o fax se juntou com a impressora e o scanner surgindo
a multifuncional, hoje presente na grande maioria dos escritórios. E sempre há uma
necessidade de utilizá-lo. 
Mito 6 – O fim do terminal burro e a descentralização do processamento
Os terminais sem nenhuma capacidade de processamento que alimentavam de dados
os mainframes, chamados “terminais burros”, tiveram sua morte decretada tão logo
surgiram os “clients” , também conhecidos como “terminais inteligentes”. A
descentralização do processamento para o processamento distribuído fez com  que
este modelo se espalhasse maciçamente por todos os  lados, eliminando de forma
drástica os “terminais burros”. 
Quando olhamos para recursos e modelos atuais como  “Terminal Service” e “Thin
client” passamos a entender que algo previsto não aconteceu. Previa-se que haveria
uma descentralização total e absoluta do processamento e a realidade atual comprova
um grande equívoco de entendimento da evolução. Parece que está havendo um
retorno aos padrões anteriores, ou meio termo. Existem questões como segurança,
facilidade de controle e administração, que, se levadas em consideração desde o início,
talvez tivessem  evitado muitos equívocos na aplicação da tecnologia.
Mito 7 – O fim das empresas de cimento e tijolo
No final dos anos 90, a onda da internet empolgou grande parte do mundo com sua
grande potencialidade de mudar tudo o que se conhecia até então, criando uma
grande  euforia, talvez uma das maiores ondas da tecnologia que se tem notícias. Esta
grande onda gerou uma grande bolha que veio a explodir logo nos primeiros anos
desta década. Acreditava-se que tudo viria a acontecer no mundo virtual, todas as
compras seriam virtuais, todos os negócios, propaganda e entretenimento seriam
virtuais. A onda foi tão forte que as empresas convencionais passaram a ser meros
dinossauros, sem interesse e com os seus dias contados. Muitos milhões ou bilhões de
dólares foram investidos em novos empreendimentos, que não deram certo. O Pão de
açúcar criou o “amélia.com.br” com toda uma estrutura própria, presidente, contas a
pagar, contas a receber, estoques e não precisou de muito tempo para perceber que
este empreendimento não se sustentava por si só, retornando tudo para a estrutura
anterior e com a loja virtual apenas como um “plus”, um recurso adicional para os seus
negócios. A maior rede virtual de venda de brinquedos nos EUA da época, E-TOYS,
persistiu por mais tempo, mas mesmo assim acabou fechando suas portas em
2002/2003. Eles gastavam US$ 160 para cada US$ 100  de vendas e o ponto de
equilíbrio da empresa era algo em torno de 1 bilhão de dólares, ponto este que nunca
foi atingido. Houve um grande aprendizado e, depois de muitos anos, a tecnologia foi
colocada em seu devido patamar, ajustado e regulado para uma real e viável aplicação
ao mundo dos negócios lucrativos. Um caso muito interessante a se observar é o caso
da “CASAS BAHIA” que somente após 8 anos do ápice desta onda finalmente rendeuse às vendas virtuais.  Mito 8 – O fim do DVR
Houve um tempo em que a tecnologia de CFTV era totalmente analógica e, de longe,
tratada ou conhecida pelo mundo de TI. No início da década de 90 teve início o
processo de digitalização do processamento de imagens com a chegada dos chamados
“vídeo servers” ao mercado e logo a seguir os primeiros DVR´s. Alguns com maior
eficiência, outros , nem tanto, foram pioneiros na criação de sistemas IP e começaram
a surgir os NET-DVR. O fato é que as imagens analógicas que chegam a estes
equipamentos são digitalizadas, tratadas, gravadas  e transmitidas na rede/internet e
isto gerou a primeira geração de sistemas IP. Esta  geração de sistemas IP é um
modelo fortemente centralizado no DVR com grande economia de banda e recursos de
rede. Por outro lado, sofre com a estrutura necessária para levar as imagens das
câmeras analógicas até o DVR e não dispõe dos recursos e possibilidades que a
tecnologia IP nas câmeras pode oferecer.
Com a grande evolução das redes e da tecnologia de câmeras, criou-se a câmera IP,
responsável agora por concluir o processo de digitalização que era a parte da câmera
até o DVR ou NET-DVR.
A câmera IP, embora de tecnologia recente, é capaz de processar imagens com muito
mais eficiência e qualidade, garantindo a sua transmissão sem perdas de qualidade (é
digital), alimentação pela própria rede (PPPoE),  gravação de imagens em flash card na
própria câmera e, mais recentemente, incorporando inteligência como VCA ( “vídeo
content analysis“ ), também na própria câmera. A nova geração de câmeras megapixel
traz uma grande evolução na qualidade e tratamento  das imagens, em níveis e
padrões nunca obtidos por uma câmera analógica.
Lógico que toda esta mudança requer outros recursos e uma profunda análise de
custo/benefício antes de embarcar na onda. Infelizmente no Brasil banda é um sério
problema e por muitos anos ainda teremos altos custos e sérias restrições de banda.
Uma câmera IP consome muita banda, algo em torno de 1 ou 2  Mbps por câmera
enquanto que com alguns DVR consegue-se a proeza de transmitir uma imagem de
320X240 com 3 fps e consumindo apenas 30/50Kbps. Lógico que a qualidade de
imagem alcançada pela câmera IP pode ser muito superior, porém, considerando-se o
custo e a natureza da necessidade, muitas vezes não se justifica tamanho
investimento.
Apenas como exemplo de restrições impostas ao mercado brasileiro, mesmo a
tecnologia 3G que vende 2 Mbps, trata-se de  velocidade de download apenas e a
velocidade de upload não passa de 200kbps, sendo na maioria das localidades
brasileiras de 30 a 50kbps.
Ao mesmo tempo em que as câmeras IP incorporam novas tecnologia de VCA, surge
uma nova geração de softwares cognitivos que possuem a capacidade de aprender e
passar a identificar sozinhos cenas suspeitas, movimentos que se desviam do padrão e
assim por diante. Estes sistemas vão muito além do simples VCA que apenas analisa
imagens e alarma com base em parâmetros pré-estabelecidos. Eles analisam imagens
e gravam a predominância de movimentos e cenários, identificando os acontecimentos
que fugirem ao padrão que eles mesmo aprenderam. Este tipo de análise requer
grande capacidade de processamento e, certamente, nunca estará incorporado a uma
simples câmera IP. Assim como nos mainframes e pc´s, primeiramente houve uma
descentralização do processamento, depois um retorno a centralização, e agora um
novo modelo, misto dos dois anteriores, tudo indica que o mesmo acontecerá com os DVR´s e câmeras IP. Há grandes chances de acontecer o mesmo com os DVR ou NVR.
Obs.: Insistimos aqui no termo DVR, pois são produtos desenhados para um fim
específico, não utilizam Windows, muitos gravam no HD apenas as imagens e assim
são muito mais estáveis e seguros para um ambiente de segurança. Enquanto os NVR
utilizarem-se de computadores Windows para criar o seu modelo, cremos que poderão
haver sérias falhas e, para supri-las, isto é, aumentar o nível de qualidade e segurança,
o recurso consumirá muito dinheiro.
Para falar em fim de vida para os DVR, devemos considerar que o número de câmeras 
analógicas no mundo beira a 50 milhões de unidades e estas certamente vão perdurar
por muitos anos. Sem contar que muitos milhares de câmeras analógicas continuam e
vão continuar sendo comercializadas e instaladas por muitos anos. Não se sabe
quanto.
Assim como o mainframe foi reinventado, o fax foi repaginado, a tecnologia atual de
CFTV também o será. Alguns equívocos vão se esclarecer ao longo dos anos, o
aprendizado virá e a onda vai passar quando o público consumidor aprender a
identificar com clareza qual a melhor tecnologia para cada situação ou necessidade.
Assim como existem vários meios de transporte e estes podem ser bicicleta,
motocicleta, automóvel, caminhão, trem ou avião, ideal apenas nos fins a que se
destina,  o mesmo acontece no mundo da tecnologia.  Muitos poderão ter a sua
necessidade totalmente atendida com o simples uso de um cavalo, mesmo nos dias de
hoje. Estará cometendo um grande equívoco aquele que comprar uma motocicleta por
ser esta mais barata e mais flexível se a sua finalidade também incluir o passeio nos
finais de semana com a esposa e os filhos. 
A direção tem que ser dada pela necessidade real do consumidor e não pela vontade
dos criadores de solução. Se dependesse dos bancos e dos fabricantes de cartões, não
haveria mais cheque nem dinheiro, porém, este antigo meio de efetuar pagamentos
continua válido e o mais conveniente para a sociedade nos dias de hoje.
Assim, no caso do CFTV, as câmeras IP são realmente necessárias para todo mundo?
Em que momento? No atual?  Quanto custará isto ao cliente? Experimente instalar 16
câmeras IP em cada loja ou agência de uma  grande rede de lojas ou rede bancária e
centralizar o monitoramento. Mesmo que por evento, qual o link necessário para ver as
imagens de 16 câmeras? Quanto isto vai custar? E se o link cair? Há um link back up
por 3G em cada câmera? Há gravação local e remota? Quanto custa? Quanto custará a
solução total? Agora, se instalarmos um DVR híbrido em cada loja ou agência, temos
um novo mix e as suas vantagens e desvantagens devem ser cuidadosamente
analisadas.
Enfim, as decisões precisam ser feitas com os pés no chão, consciência e maturidade.
Para quem gosta de tecnologia, é irresistível testar a nova versão do Windows, seus
recursos e avanços tecnológicos. Agora, tomar a decisão de substituir todos os
“clients” da sua empresa só porque você quer estar  “up to date” é um grande erro.
Existem muitas empresas em melhor situação com Windows XP que aquelas que
migraram para o Windows Vista assim que ele surgiu. Concorda?
Antonio José Claudio Filho
Sócio fundador e diretor comercial
grau com que se dissemina, podem causar muito prejuízo e frustração a muitos 

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